quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Projeto: Integração da Família e Escola: Escola de Pais

APRESENTAÇÃO

O Centro de Educação Infantil Municipal (CEIM) “Sebastião Justino Furtado”, localizado na Rua Santa Luzia, s/n, Rio Quartel, Linhares/ES, tem como princípio básico a promoção da cidadania, oportunizando aos alunos um ambiente educativo saudável e acolhedor, visando a valorização e socialização das crianças.

Para isso, a gestão do CEIM tem como plano de ação estabelecer e fortalecer vínculos junto com a família e a comunidade – peças fundamentais na construção de uma escola viva e atuante no mundo moderno que passa por constantes transformações – visando a integração de toda a sociedade ao universo educativo.

Assim, com intuito de estabelecer uma parceria de colaboração e integração entre a escola, família e comunidade, se deu a construção deste Projeto de Integração Família-escola, buscando promover um trabalho de aproximação e apontar para possíveis ações para a melhoria da aprendizagem, socialização e desenvolvimento dos alunos.

O processo de elaboração deste projeto contou com a participação coletiva de todos os membros da comunidade escolar: diretor, educadores, pedagogo, funcionários, membros do Conselho desta escola e até os próprios alunos, num processo dialético e dialógico, através de reuniões, encontros e bate-papos, tendo como norteador o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e os planos de ação da equipe gestora, que, em 2011, contemplava como ação a promoção de ciclos de palestras, estudos e encontros com os pais.

Nessa perspectiva, este projeto propõe a integração da família na escola, através de atividades pedagógicas curriculares e extra-curriculares em horário de aula e fora dele, enfatizando a necessidade de se promover um ambiente educativo saudável, harmonioso e feliz, ou seja, um ambiente em que os alunos, família, comunidade e colaboradores se sintam acolhidos, valorizados, motivados e felizes, capazes de atuar com autonomia e responsabilidade na educação de nossas crianças.

Sabe-se, no entanto, que essa não é uma tarefa fácil, que são necessárias muitas ações e reflexões, disponibilidade de tempo e envolvimento contínuo, mas com a participação de todos os membros da comunidade escolar e com o indispensável prestígio da família, nossos objetivos serão alcançados.
 
PERFIL DA COMUNIDADE ESCOLAR
Os centros de educação infantil, atendendo à primeira etapa da modalidade básica de educação, deve ser um espaço de construção da autonomia e personalidade das crianças, oportunizando a todos experimentar vivências e situações de afetividade e socialização.

A escola atende a alunos na faixa etária entre 1 a 05 anos, sendo sua maioria formada pela raça de pardos e negros. Esses alunos são provenientes de uma comunidade com características sócio-cultural diversificada. De modo geral são funcionários de empresas locais, como Weg motores, Brametal, Imetame, lavradores e trabalhadores braçais. A maior parte provém de famílias humildes, pais separados e desempregados, o que afeta o cotidiano da escola, isto é, no desempenho, acompanhamento, a falta de responsabilidade, baixa auto-estima e disciplina. 

O contexto social da comunidade local é constituído em grande número por famílias de baixa renda, sem instrução acadêmica (muitos analfabetos) que trabalham como diaristas. Em conseqüência, muitas crianças precisam ser atendidas o dia todo, em horário integral. Percebemos também a falta de estrutura financeira, cultural e mesmo de valores em algumas famílias e isso se reflete no dia-a-dia de nossas crianças, que apresentam comportamentos agressivos e destoantes com a essa etapa de desenvolvimento infantil.

A nossa escola atende prioritariamente a clientela residente no bairro. Por ser um bairro localizado na Zona rural do município, e sua localização ficando distante a, aproximadamente, 10 km do bairro mais próximo (bebedouro), as famílias só tem esta unidade que as atenda.

 JUSTIFICATIVA

O presente projeto justifica-se pela necessidade de implementar ações que integrem a família às atividades da escola, seja através da participação ativa e contínua no dia-a-dia escolar, seja através de encontros, reuniões, palestras e eventos esporádicos.  Sabe-se que num trabalho integrado todos têm a ganhar e o sucesso das práticas escolares será certo, bem como o desenvolvimento saudável, autônomo e feliz das crianças. 

Temos como público alvo os familiares das crianças atendidas pelo CEIM “Sebastião Justino Furtado” como toda a comunidade escolar interessada, buscando sempre atingir o objeto principal do nosso trabalho: o aluno, que é objeto porque é nosso alvo final, mas também é sujeito porque participa decisiva, ativa e dinamicamente deste processo de construção do coletivo escolar.

Sabe-se que na contemporaneidade a família tem assumido diversos papéis na sociedade e tem se esquecido de conduzir a educação dos filhos com as intervenções necessárias, seja por escassez de tempo, falta de consciência da sua importância no desenvolvimento e bem-estar dos filhos, desinteresse ou mesmo pelas condições culturais, sociais e econômicas que lhe são oferecidas, o que influencia diretamente na concepção de criança, família e educação.

Percebe-se que muitas mudanças têm ocorrido na sociedade que tem veiculado certo distanciamento entre a família, responsável pelo provimento material e afetivo e a escola, responsável por todo o processo educativo dos filhos. Isso tem provocado uma disparidade e alargamento dos laços de integração entre a família e a escola, tão importante para a construção sólida da educação das crianças.

Visualizando esta situação, a escola tem ficado sozinha com todos os problemas e insatisfações decorrentes justamente deste distanciamento que é crucial para o desenvolvimento da criança. Por isso a proposta é trazer a família como principal parceiro para o alcance dos objetivos propostos pela escola, informando-a, promovendo a análise, a reflexão, o autoconhecimento, o dinamismo nos processos de educação dos filhos.

Isto se dará por meio da inserção da família no cotidiano escolar, através de convites a apresentações, momentos culturais, eventos, reuniões, discussões, grupos de estudo, dentre outros que será o ponto de partida para uma junção de objetivos que serão conquistados com parceria e envolvimento entre família e escola/escola e família. Dentre as diversas estratégias, destacam-se os estudos e reflexos sobre diversas temáticas relacionadas à educação, saúde, bem-estar e promoção da dignidade humana e cidadania, que acontecerão ordinariamente toda última quarta-feira do mês, e contará com a participação e apoio de diversos parceiros e colaboradores, como psicólogos, médicos, representantes de igrejas e pastorais, professores, pais e outros.

 Diante desse desafio, o de promover a integração e participação da família na vida escolar dos alunos, este projeto parte da premissa de que quando família e escola caminham juntas o processo de ensino-aprendizagem é muito mais significativo e produtivo, e que a formação da personalidade e identidade das crianças acontece de forma responsável e segura.

 OBJETIVOS

GERAL

 Criar estratégias que viabilize uma reflexão sobre temas relevantes à educação envolvendo família, escola, comunidade e alunos, visando não só o sucesso no processo de ensino e aprendizagem, mas o desenvolvimento saudável e feliz das crianças, bem como um acompanhamento mais direto das famílias na vida pessoal e escolar dos filhos.

 REFERENCIAL TEÓRICO

As pesquisas feitas em referenciais teóricos registram peculiaridades importantes do desenvolvimento do ser humano. A criança quando nasce “prematura” requer, durante um período relativamente longo, cuidados familiares e mais especificamente maternos para sobreviver. Segundo (PRESTES, 2005, p.39) “uma criança carente de estímulo social desde o nascimento e durante a primeira infância, não se socializa isto é, não desenvolve capacidades humanas nem se adapta à sociedade”.

O desenvolvimento infantil é um processo global. É evidente que as dificuldades de aprendizagem estão relacionadas tanto às características próprias da criança, quanto às atitudes inadequadas da família e da escola que afetam a criança enquanto pessoa em desenvolvimento.

Naturalmente que, depois da família, é na escola que as crianças permanecem mais tempo, e as expectativas em relação ao seu desempenho escolar aumentam, assumindo maior importância na vida em família.

Mas não compete apenas à escola a função de educar, mas também à família em primeiro lugar. E se hoje se tem a sobrecarga da vida moderna, é sumamente importante lembrar que o que vale não é o tempo que se passa junto com os filhos, mas a maneira como estabelecem as relações com eles. Isso é o que importa, pois se os filhos sabem que podem contar com os a pais quando necessitarem, se os pais têm uma parte do seu tempo diário e de lazer reservado para dar atenção e conversar com os filhos, se os limites são estabelecidos com flexibilidade e justiça, sem culpas ou necessidades compensatórias, pode-se esperar, então, menor probabilidade de problemas. Para NADAL (2005, p.37), a maioria das crianças quando chega à sua classe vem com imagens sobre a escola construída por aquilo que ouviu ou viu. Na realidade, para grande parte das crianças, a escola constitui-se numa das únicas oportunidades para a aquisição de conhecimentos sistemáticos, necessários à sobrevivência e à participação na sociedade.

A estrutura familiar hoje se apresenta de forma diferente do que estamos acostumados a ver e conviver. O conceito de família vem sendo modificado ao longo do tempo, em inúmeras discussões teóricas e estudos em torno do tema, o que demonstra a dificuldade em se determinar exatamente o que é família. Neste conceito pensamos logo no nosso grupo familiar, comumente formado por pai, mãe e filhos, todos morando na mesma casa. Mas nem sempre foi assim. Mesmo hoje não seria prudente pensar apenas nessa estrutura familiar, uma vez que próprio Censo 2010 mostra novos arranjos desse grupo social que se convencionou chamar de família.

Recentemente, foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal a oficialização da união de casais homossexuais, o que aponta para a diversidade cada vez maior na caracterização, formação e concepção de família. Dessa forma, o número de famílias compostas apenas por mãe e filhos, ou pais e filhos, avós e netos, ou mesmo pessoas vivendo sozinhas, podem também ser vistas como uma família. (DEMETERCO, 2003, p.22).

O modelo de família nuclear predominante até meados da década de 50 deu lugar a novas formas de representação e organização parental com reflexos diretos no que concerne às relações entre pais e filhos. Cresceu, vertiginosamente, o número de separações entre casais, o que tem provocado a perda de referenciais ético-morais para uma parte significativa de jovens e crianças.

Além disso, a crescente presença da mulher no mercado de trabalho e sua maior independência da representação de mulher voltada à vida doméstica e à educação da prole, resultaram em certa lacuna com relação ao desenvolvimento afetivo, social e educacional das novas gerações. Para completar este cenário, as mudanças tecnológicas que prometiam uma maior disponibilidade de tempo para que os indivíduos se dedicassem a si mesmos e aos outros, revelaram-se falsas; o trabalho e a velocidade cotidiana só fizeram afastar as pessoas do convívio comunitário, isolando-as, cada vez mais e, conseqüentemente, descomprometendo-as das responsabilidades públicas, dentre as quais, destaca-se a formação da juventude.

Tradicionalmente a escola olhou para a família com certa desconfiança e, quando não teve alternativa, apenas suportou a participação dos pais na condição de ouvintes comportados dos relatos por eles produzidos, acerca da trajetória disciplinar e pedagógica dos alunos. Raramente essa participação superou os limites de ação beneficente, envolvendo-se com a parte organizacional do projeto curricular da escola. Para a escola, a família foi, e é o locus de construção de moralidade, base indispensável para a garantia do projeto moralizador e civilizacional representado pela escola.

Ainda, estudos realizados, em vários países, nas últimas três décadas, mostraram que, quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles obtêm melhor aproveitamento escolar. De todas as variáveis estudadas, o envolvimento dos pais no processo educativo foi a que obteve maior impacto, estando esse impacto presente em todos os grupos sociais e culturais.

Quando falamos em colaboração da escola com os pais, estamos a falar de muitas coisas. Desde logo, a comunicação entre o professor e os pais dos alunos aparece à cabeça, constituindo a forma mais vulgar e mais antiga de colaboração.

Não há uma única maneira correta de envolver os pais. As escolas devem procurar oferecer um menu que se adapte as características e necessidades de uma comunidade educativa cada vez mais heterogênea. A intensidade do contato é importante e deve incluir reuniões gerais e o recurso à comunicação escrita, mas, sobretudo os encontros esses agentes (escola e família).

Intensidade e diversidade parecem ser as características mais marcantes dos programas eficazes. Nada é pior para o bem estar e desenvolvimento das crianças e dos jovens do que a ausência de referências seguras e a privação do contato continuado e duradouro com adultos significativos.

Quando os pais, por motivos relacionados com o mercado de trabalho e o afastamento do local de trabalho da sua área de habitação, não dispõem de tempo para estar com os filhos, deixando, por isso, de tomar as refeições em comum, as crianças e os jovens são obrigados a crescerem com a ausência de referências culturais seguras. Essa ausência de referências faz aumentar a necessidade de os professores criarem programas que aproximem as escolas das famílias, contribuindo para a recriação de pequenas comunidades de apoio aos alunos que sejam uma presença forte na vida deles.

Quando os valores da escola coincidem com os valores da família, quando não há rupturas culturais, a aprendizagem ocorre com mais facilidade. Nas comunidades homogêneas, em que os professores partilham os mesmos valores, linguagem e padrões culturais dos pais dos alunos, está garantida a continuidade entre a escola e a família. Contudo, são cada vez mais as escolas com populações estudantis heterogêneas, nas quais os professores e os pais têm raízes culturais diferentes, provocando, nos alunos, dificuldades de adaptação.

O envolvimento dos pais nas escolas produz efeitos positivos tanto nos pais como nos professores, nas escolas e nas comunidades locais. Os pais que colaboram habitualmente com a escola ficam mais motivados para se envolverem em processos de atualização e reconversão profissional e melhoram a sua auto-estima como pais.

O envolvimento familiar traz, também, benefícios aos professores que, regra geral, sentem que o seu trabalho é apreciado pelos pais e se esforçam para que o grau de satisfação dos pais seja grande. A escola também ganha porque passa a dispor de mais recursos comunitários para desempenhar as suas funções, nomeadamente com a contribuição dos pais na realização de atividades de complemento curricular.

Quando a escola se aproxima das famílias, registra-se uma pressão positiva no sentido de os programas educativos responderem às necessidades dos vários públicos escolares. As comunidades locais também ganham porque o envolvimento familiar faz parte do movimento cívico mais geral de participação na vida das comunidades, sendo, por vezes, uma oportunidade para os pais intervirem nos destinos das suas comunidades e desenvolverem competências de cidadania.

METAS E AÇÕES

Pretende-se com a organização das atividades propiciar momentos de significação para a família, para que a mesma se sinta incluída no processo escolar. Sabemos que a família é um dos pontos fortes do processo escolar está relacionada diretamente ao sucesso das práticas escolares. Diante disso, a principal finalidade das ações a serem desenvolvidas seria trazer a família para o contexto escolar de forma a torná-la capaz e capacitada, consciente e politizada, dinâmica e atuante no processo de construção da educação dos filhos e do desenvolvimento de relações interpessoais afetuosas em família, na escola e em comunidade.

AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

 Durante a execução do projeto serão aplicados questionários, discussões abertas e coletivas e desenvolvidas atividades visando envolvimento da escola e da família para uma maior integração, orientando assim a comunidade na realização de ações conjuntas para melhoria do processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, esclarecendo que a avaliação desta prática serve para melhorar cada vez mais o projeto existente e o desenvolvimento do aluno.

Depois de cada momento e projeção de trabalho serão avaliados os seguintes pontos:
Qual o papel da escola e família como segmentos sociais?
O que precisamos fazer para a melhoria da participação da família na escola?
Que parcerias buscar, e como posso aproveitá-las de forma produtiva e otimizada?
Que sugestões eu posso oferecer para efetivar esta melhoria no processo educativo?
O que é de interesse do conhecimento das famílias?
Que estratégias podemos utilizar para ampliar o número de atingidos pelo projeto?
O que modificar?
A quem divulgar o que estou fazendo?

Verificar os resultados após as investigações e intervenções, observando se está havendo mudanças de posturas e também permitir a troca de ideias em trabalhos em grupo para que o projeto tenha funcionalidade e consiga alcançar os objetivos propostos no desenvolvimento de cada etapa.

CONCLUSÃO

A participação ativa e produtiva da família na vida dos filhos tem-se constituído grande desafio na sociedade atual, uma vez que a cada dia as concepções de família, educação e relações interpessoais estão cada vez mais voltadas para as necessidades básicas de subsistência do que para a de promoção do bem-estar e desenvolvimento humano amplo.
Nessa perspectiva, é importante que a escola, desde o início, promova atividades que envolvam os segmentos sociais e levem a família a refletir sobre sua postura diante da vida do filho e a suas funções para a construção de uma sociedade mais sólida. Assim, participar de experiências voltadas ao cotidiano intensificando a necessidade de aprender e ensinar buscando a realidade sócia cultural como eixo primordial.

REFERÊNCIAS

DEMETERCO, Solange Menezes da Silva. Sociologia da Educação. – Curitiba: IESDE, 2003.

MACEDO, R. M. A família diante das dificuldades escolares dos filhos. Petrópolis: Vozes,1994.

NADAL, Beatriz Gomes. A dinâmica do ensino-aprendizagem na sala de aula. Mariná H. Ribas. Ponta Grossa: UEPG/CEFORTEC.2005.

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil: perspectivas psicopedagógicas. Porto Alegre: Prodil, 1994.

PRESTES, Irene Carmem Piconi. Psicologia da educação - Curitiba: IESDE, 2005.

 SCHIMIDT. Maria Junqueira. Também os pais vão à escola. 4ª ed. Ver. E atual. Rio de Janeiro, Agir, 1973.

ZAGURY, Tania. Escola sem conflito: Parceria com os pais. Rio de Janeiro: Record,2002.São Paulo: Ática, 1984.

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